sábado, 21 de maio de 2016

"Minha Mãe" é um dos melhores filmes do ano!



Belo filme. O diretor Nanni Moretti emociona com um filme simples e sensível sobre a nossa eterna (re)descoberta pessoal através da história de dois irmãos que testemunham a proximidade da morte de sua mãe. Simples, poético, humano.
"Minha Mãe" é um dos melhores filmes do ano. Procure assistir. O filme está em exibição até domingo (dia 22/05) no cine Líbero Luxardo.
 Viva os seres humanos no cinema! Viva o sentimento humano capturado pelos olhos de um cineasta! Viva o bom cinema! (Marco Antonio Moreira)

domingo, 15 de maio de 2016

HAROLD LLOYD




A comédia “For Heaven’s Sake”(1926) que nos cinemas brasileiros se chamou “O Milionário Gaiato”, volta com o nome de “Pelo Amor de Deus” para a Sessão com Musica do Olympia.
É das melhores criações de Harold Lloyd(1893-1971), o “Caixa D’Oculos”como era conhecido por aqui,um comediante muito aplaudido na fase do cinema mudo e inicio do falado. Com direção de Sam Taylor(1895-1958),cineasta preferido dele e responsável pelo maior seu maior sucesso:”O Homem Mosca”(Safety Last/1923),o filme trata de um homem rico que por acaso se mete no ambiente mais pobre possível, achando um romance e ajudando sem querer uma casa de ajuda aos mais necessitados.
Este filme e o posterior “O Testa de Ferro”(The Cat’s Paw/1934) lembra o que fez Frank Capra na área da comédia politica. Claro que as soluções são fantasiosas e se deseja louvar o New Deal de Franklin Roosevelt. No caso de “Pelo Amor de Deus” cabe o tom de comédia ligeira com a demonstração dos pendores acrobáticos de Lloyd.
Eu revi a pouco e dei boas gargalhadas. Certamente a comunicação com a nova plateia vai ser boa. Llloyd fez muitos filmes até”As Trapalhadas do Haroldo”(Harold Diddlebock) de 1947. Apesar disso e de boa acolhida no seu tempo o comediante hoje é pouco conhecido. Vale lembra-lo.(Pedro Veriano)
*O filme "Pelo Amor de Deus" será exibido no projeto Cinema e Música do Cinema Olympia no dia 19/05/16 com entrada franca.(Pedro Veriano)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

NOVOS FILMES ITALIANOS




Nanni Moretti é um dos poucos cineastas italianos sobreviventes da era Berlusconi, quando Cinecittá parecia se exaurir na falta de estrelas como Fellini, Antonioni,De Sica, Rosselini, etc. Seu “O Quarto do Filho”(La Stanze del Figlio/2001) emocionou milhões. Hoje ele chega com “Minha Mãe”(Mi Madre/2015) focalizando um diretor de cinema inconformado com a morte de sua genitora. Outra concepção pessoal. Mas o resultado não chega ao nível do trabalho de 14 anos atrás embora seja melhor do que “Habemos Papa”, uma sátira sem graça que ele realizou em 2011.
Moretti é um memorialista com a câmera. Atua nos papéis biográficos e esta sinceridade tenta passar a quem o vê. Por ser assim comunica com boa parte da plateia. Mas nem sempre a formula alcança uma amplitude. Esta saudade materna é um exemplo. Apesar disso, é um filme italiano e bom nível que foge de uma linha assustadora deixada pela ausência dos grandes criadores de imagem.
Já “ Juventude”(Youth/2015) de Paolo Sorrentino puxa um caminho internacional, focalizando um musico que tenta gozar de uma saudável aposentadoria nos Alpes e encontra um amigo que lhe afasta da solidão. O reconhecimento de um melhor modo de viver o faz recusar, pelo menos em principio, um convite da rainha inglesa(Elizabeth II) para um concerto em Londres.
O diretor se deu bem no páreo do Oscar com o seu “A Grande Beleza”(La Grande Belezza/2013) um arremedo do “La Dolce Vita” de Fellini. A mim ele pareceu mais sincero, ou original, neste novo trabalho, dando ênfase ao talento do veterano Michael Caine , ator com pouca chance na Hollywood de hoje. O tipo vivido por Caine consegue comunicar-se com a plateia e apesar do final previsível (e bem cinema americano) o filme,em geral, é sempre interessante. Não gostei nada de “...Beleza” mas consegui acompanhar com interesse o velho artista decidindo a sua vida no crepúsculo.Os dois filmes italianos estão no Cine Libero Luxardo. (Pedro Veriano)

CINEMA MEXICANO EM BELÉM



Nos idos de 1940/50 o cinema mexicano produzia em massa o que a gente chamava de “cine bolero”. Cada filme trazia um bolero assinado por Augustin Lara & seguidores. Aqui em Belém “Pecadora”(1947) de José Diaz Morales emplacou 2 semanas no Olímpia quando o normal da casa era de duas estreias em uma semana. E eu lembro de dezenas desses filmes, muitos vetados à minha idade na época pois o normal era focar o meretrício e mulheres que arranjavam amantes violentos e...tuberculose.
Os melodramas mexicanos tinham 3 distribuidoras no Brasil: a exclusiva Pel-Mex , a norte-americana Columbia, e a nacional Art Filmes.Sobrava um pouco para a RKO de Howard Hughes. O selo Pel-Mex chegou a ganhar um slogan do exibidor local que controlava os cinemas Moderno, Independência e Vitoria (Victor e Arthur Cardoso, ambos médicos e meus colegas por um período):”Dura lex sed lex filme bom é da Pel-Mex”).Piada.
Hoje a indústria cinematográfica mexicana mudou muito. Mas é bom lembrar que mesmo no tempo dos boleros havia o que dirigia “El índio” Emilio Fernandez com fotografia de um mestre internacional: Gabriel Figueroa. “A Perola” é um exemplo.
Agora está em Belém um programa vasto de filmes mexicanos enviados pelo consulado do país. Um “Bajo la Metralla” de Felipe Cazals expões muito bem a variedade e qualidade dos produtos.
No filme citado um grupo de guerrilheiros urbanos, certamente inspirados pela Cuba de Fidel, atacam políticos com metralhadoras. O fim é previsível, mas há uma discussão interessante sobre valores revolucionários, ou politicas populistas. Não chega a ser um tratamento profundo, mas abre espaço para debates após a projeção. Isto mostrado em imagens bem trabalhadas, com bons interprete embora sem sair de todo de estereótipos de Bonnie & Clyde.Volto ao assunto outra vez.(Pedro Veriano)

sábado, 7 de maio de 2016

O MELHOR DE ALMODÓVAR



Duas mulheres em estado de coma. Uma delas é uma toreadora atacada pelo touro no inicio de seu espetáculo na arena. A outra recebe tratamento desvelado de um enfermeiro que exibe certa timidez, pensando na sua opção sexual (seria gay?), e afinal o responsável pela gravidez dessa doente. “Fale com Ela”(Habla con Ella)é um dos melhores filmes do diretor espanhol Pedro Almodóvar.
Narrado linearmente, apoiando-se em excelentes interpretações, sempre emociona no tratar das duas mulheres sem necessitar de recursos como flashback intruso. Javier Camara, que fez Benigno o enfermeiro, coleciona 22 prêmios em sua carreira e a ele se deve muito do êxito do filme.
 Almodóvar não anda com sorte ultimamente. Sua comédia ambientada num avião,”Os Amantes Passageiros” não passa do nível de uma chanchada. Esperemos “Julieta” onde volta a tratar do relacionamento mãe e filha.
 “Fale com Ela”faz Sessão Cult (ACCPA) do Cine Libero Luxardo. É o programa de exceção quando a altenativa é veterano Garry Marshall tratando do “dia das mães”(O Maior do Mundo), pura mesmice, ou coisas como um novo Capitão América o super-herói xenófobo que sempre repeli .(Pedro Veriano)

CINEMA MEXICANO DE VOLTA AO CIRCUITO



CINEMA MEXICANO DE VOLTA AO CIRCUITO
Minha geração aprendeu a entender o cinema através de vários filmes que chegavam aos cinemas de uma forma democrática e diversa. Acompanhei muitos lançamentos de inúmeras nacionalidades nos cinemas de Belém. É incrível relembrar isso, mas nos anos 70 e 80 tive o privilégio de assistir filmes da Suiça, Bélgica, Polônia, Alemanha, França, Dinamarca, Rússia, México, Itália e Espanha (entre outros países) que foram exibidos nos cinemas locais (e cineclubes). Essa oportunidade me permitiu ter um olhar mais ampliado e significativo da força do cinema através de realizações com estéticas diversas em inúmeros temas. Mas no final dos anos 80 várias distribuidoras de filmes independentes deixaram de funcionar no Brasil e muitos filmes “estrangeiros” só poderiam ser vistos pelo mercado de vídeo e posteriormente DVD. Nos cinemas, especialmente nos grandes circuitos de exibição, era/é cada vez mais raro assistir filmes que não sejam de produção americana (e aqui não quero discriminar o cinema americano). Por isso, cada oportunidade que surge de assistir mostras e festivais de cinema de outras nacionalidades deve ser vista como obrigatória.
O cinema Olympia iniciou na última quinta-feira a exibição de uma mostra de filmes mexicanos. Na sua maioria, são títulos inéditos no Brasil  que não provocaram o interesse de nenhum distribuidor no período de seu lançamento. Sem dúvida, será uma excelente chance de observarmos a cinematografia mexicana que tem grande produção cinematográfica e que de certa forma é totalmente desconhecida do espectador brasileiro que é “guiado” por uma mídia cinematográfica que geralmente evidencia o cinema comercial (especialmente americano) em detrimento de outros tipos de cinema.
Confira a programação completa da mostra de cinema mexicano que está em exibição até o dia 18/05 com entrada franca. Tenho certeza que valerá a pena. E que outras mostras e festivais cheguem aos cinemas de Belém.(Marco Antonio Moreira)

Dia 05/05 - CASCÁVEL (1976) de Raul Araiza

Dia 06/05 - OS PEDREIROS (1976) de Jorge Fons

Dia 07/05 – QUARTELADA (1976) de Alberto Isaac
Dia 08/05 - A CASTA DIVINA (1976) de Julián Pastor
 Dia 10/05 - OS INDOLENTES (1977) de José Estrada

Dia 11/05 - O LUGAR SEM LIMITES (1977) de Arturo Ripstein

Dia 12/05 – NAUFRÁGIO (1977) de Jaime Humerto Hermosilio

Dia 13/05 - SOB A METRALHADORA(1982) de Felipe Cazals

Dia 14/05 - O CRIME DO PADRE AMARO (2002) de Carlos Carrera

Dia 15/05 -  A MULHER DE BENJAMIM (1993) de Carlos Carrera

Dia 17/05 - MINHA VIDA DENTRO (2007) de Lucía Gajá

Dia 18/05 - O VIOLINO (2005) de Francisco Vargas


terça-feira, 3 de maio de 2016

Mowgly


A melhor versão para o cinema do livro de Rudyard Kipling(1865-1936) “The Jungle Book” (Mowgly,o Menino Lobo) foi a de 1947 dirigida por Zoltan Korda com Sabu(Selar Shaik Sabu/1924-1963)o garoto indiano que o documentarista Robert Flaherty(de “Nanook,o Esquimó”) descobriu no interior indiano(o pai de Sabu era um condutor de elefantes).
Ele começou carreira com “O Menino e o Elefante”(The Elephant Boy) de 1937 dirigido por Flaherty e já com a participação de Zoltan Korda. Sabu teve boa carreira no cinema inglês. Em 1947 ele esteve aqui em Belém fazendo “O Fim do Rio”(The End of the River)para a empresa de Korda com direção de Derek Twist. Era Manoel, um índio brasileiro que vivia uma aventura na capital paraense. Sua companheira de elenco era a jovem Bibi Ferreira, então com 22 anos. Bem, o ator que morreu cedo vitima de enfarte, deixa saudades quando a gente vê o “Mowgly” da Disney ora em cartaz nos cinemas mundiais.
Não que o garoto Neel Sethi faça vergonha, mas o filme exala falsidade a partir do calção do personagem, uma peça de loja fazendo a vez de um artefato selvagem(?). Os bichos falam como no desenho que a própria Disney realizou e que foi o ultimo a ter a supervisão do próprio Walt. Mas a ingenuidade do trabalho de Korda e mesmo o pitoresco da animação de 1966 passa ao largo. Fica, naturalmente, a fantasia do autor da historia que pertencia ao time colonialista que Mahatma Gandhi perseguiu. Um filme sem brilho, por aqui aviltado pela dublagem que sempre impõe o que é falso. Curioso é que este novo “Mowgli” faz boa carreira comercial em seu país de origem.
Aliás, a Disney nada em ouro e basta citar o recente “Star Wars”para se ter noção de quanto ela fatura. Como as novas plateias desconhecem o que veio antes, vivem a fantasia de Kipling como é servida em novo roteiro. De minha parte acho que é filme para ver em casa. E com a prudência de porco espinho...(Pedro Veriano)

domingo, 1 de maio de 2016

“Cemitério do Esplendor” é o destaque da semana




O diretor Apichatpong Weerasethaku é um dos melhores realizadores do cinema atual. Sua obra é ímpar na estética cinematográfica. Depois de realizar o admirável “Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” em 2011, ele lança “Cemitério do Esplendor”, um novo trabalho que merece total atenção do cinéfilo.
 O filme se passa numa pequena cidade da Tailândia onde vinte e sete soldados são vítimas de uma estranha doença do sono. Para tratá-los, uma escola abandonada serve como abrigo. Num ambiente realismo mágico e religioso, uma mulher tailandesa de meia-idade trabalha como voluntária no tratamento destes pacientes e lentamente percebe a história que os cerca. O diretor mantém aqui seu estilo de percepção da imagem deixando a câmera registrar sem pressa as mudanças dos personagens e lugares.
O cinema de Weerasethaku não se enquadra numa narrativa clássica e por isso, para muitos, pode ser inacessível e até mesmo sem significados. Mas “Cemitério do Esplendor” reforça sua busca por uma forma de cinema mais introspectivo que valoriza a imagem e foge da banalização de temas e diálogos. Sou admirador de sua obra que sempre me interessa, pois é diferente e estimula outros olhares sobre o cinema. “Cemitério do Esplendor” estreou esta semana no Cine Líbero Luxardo e é, até agora, o melhor filme do ano. Confira! (Marco Antonio Moreira)

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