segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"O SÉTIMO SELO" NO PROJETO CLÁSSICA DO CINE LÍBERO LUXARDO



"O Sétimo Selo "
Um cavaleiro medieval chega das Cruzadas e, fatigado, deita-se numa praia onde se depara com uma figura exótica que se revela como a Morte. Percebendo que ele é o alvo da personagem, lança uma chance de sobrevida: uma partida de xadrez. A Morte (em maiúsculo pois está em figura de gente) diz que sabe jogar e previve que o cavaleiro não tem chance de ganha-la. Mas concede intervalos para que ele “se despeça da vida”. “O Sétimo Selo”(Det sjunde inseglet), filme de ingmar Bergman(1918-2007), reflete uma preocupação dos autores de literatura, teatro e cinema em uma época(a obra é de 1957). Citando um versículo do Apocalipse de S.João diz que ao se quebrar o sétimo selo abre-se espaço para o fim dos tempos. E em 1957 muito se falava das armas nucleares, do que se produzia nos arsenais dos componentes da guerra fria entre EUA e URSS, como as grandes potencias armazenando meios mais destruidores do que a bomba que foi jogada em Hiroshima e em seguida em Nagasaki. Havia, portanto, um clima para associar com a peste negra do século XIII e os mitos de culturas tanto ocidental como oriental. E se outros autores de cinema preferiam o plano realista mostrando o desalento em especial dos jovens, como “Os Trapaceiros”(Les Tricheurs/ 1958)de Marcel Carné,ou adentravam pela “science-fiction” dizendo que a radioatividade criaria monstros(“O Mundo em Perigo”/Them,1954) ou o planeta inteiro queimaria (“Os Ultimo Cinco”/1951),
Bergman ia buscar inspiração em filósofos como Kierkegaard e na Historia com toda a carga mística que surgiu na chegada de um milenio. Max Von Sidow, hoje ainda ativo como ator, faz o cavaleiro que disputa a sua propia vida num jogo de xadrez.Bent Ekerot é a Morte.Nils Poppe é o camponês Joseph que viaja numa carroça com a mulher e o filho menor ,afinal o homem simples que vai subsistir na missão devastadora da criatura sobrenatural. Houve quem chamasse o filme de “balada medieval”.Procede, e não precisa que se ouça o que toca Joseph em sua rabeca. Tambem não se chega ao cantino diabólico que se ouve no “Os Visitantes de Noite”(Les Visiteurs du Soir) de Carné. Em “O Sétimo Selo” está o modo como se trabalha a historia no ambiente. É a época da peste mas só se vê um caso da doença. A camera dá mais evidencia ao que acontece à uma joven chamada de bruxa que é levada à fogueira. Significa que a época focalizada se preocupa primordialmente com Deus e o diabo,adentrando pela ação inquisitorial que faria muitas vitimas em nome da fé.E afinal a fé é o foco da historia, como em outros filmes do cineasta. Filho de um pastor, Bergman escreveu em suas memorias o quanto a religião o marcou na infancia. E em seu último filme para cinema, “Fanny e Alexandre”,tratou disso. Vê-se,portanto, a sinceridade de propósito ao tatar do “sétimo selo”(o que fechava o fim do mundo).
Um filme que só se discute,hoje, pelas tramas paralelas que parecem excessivas (embora não sejam)com relação ao jogo com a Morte que é o elemento básico.Mas uma das obras marcantes de um artista que fazia teatro e cinema com muita sensibilidade.(Pedro Veriano)

Nenhum comentário:

Arquivo do blog