sexta-feira, 5 de setembro de 2014

NOVO CINEMA ESPANHOL NO CINEMA OLYMPIA




Novo Cinema Espanhol
O cinema espanhol mudou radicalmente quando caiu a ditadura Franco. Na época passada, o que vinha dos estúdios madrilenos era o melodrama piegas com canções interpretadas ou por meninos e meninas (Joselito e Marisol) ou por Sarita Montiel elevada ao estrelato com “La Violetera”. No meio dessas estrelas a lembrança de Pablito Calvo como o garoto Marcelino que falava com Jesus Cristo num filme campeão de popularidade dirigido pelo austro-húngaro Ladislao Wajda(“Marcelino, Pão e Vinho”/1955).
No período Luis Buñuel fez o seu “Viridiana”(1961) que irritou a censura mesmo ganhando a Palma de Ouro do Festival de Cannes. A Espanha mudara quando Carlos Saura viu o que tinha na geladeira de seu “Cria Cuervos”, alegando que os que “criam corvos podem ser bicados por eles”(cria lós cuervos que lós curevos te bicaran lós ojos). Hoje surge um cinema espanhol inventivo e a atual mostra vem a provar que não é só por conta de Pedro Almodóvar ou do citado Saura.Os 5 filmes da mostra que percorre vários estados brasileiros e entre nós estará no cinema Olympia, apresentam inovações formais e temáticas. Todos os filmes foram premiados internacionalmente e pela preocupação eminentemente artística ficaram limitados ás chamadas “salas de arte’, esquecidos da distribuição comercial.
“Branca de Neve”(Blancanieves/2012) de Pablo Berger revê o conto dos irmãos Grimm na forma de filme mudo e em preto e branco, imprimindo na conhecida historia da jovem maltratada pela madrasta a cultura castelhana . O pai de Branca é um toureiro, os anões são artistas de circo mambembe, ela passa a tourear e come a maçã envenenada em plena arena. O curso da velha historia aparece, mas o tom nacional impõe uma nova perspectiva. Um prodígio de criatividade.
“Carmina ou Que Se Exploda!”(Carmina o revienta/2012) de Paco León, é um falso documentário ou, como se costuma dizer hoje, um “docudrama”. Mulher de 58 anos, residente em Sevilha, mantém um pequeno comércio que é duas vezes assaltado e ela não consegue receber beneficio da seguradora a quem paga. Muito católica, evoca seus santos protetores e arma um plano para reverter seu drama. Excelente desempenho de Carmina Barrios, a deixar que se pense estar vivendo uma realidade adiante das câmeras. Filme vencedor de 4 prêmios em mostras internacionais.
“Mapa”(2012) é uma experiência desafiadora. O diretor León Siminiani filma um seu diário, divagando sobre o seu relacionamento com a mulher a partir de seu encontro romântico na Índia. Um trabalho bem pessoal que usa a ideia de Jean Cocteau em fazer da câmera uma caneta que vai escrevendo o que pensa. Premiado no IBAFF International Film Festival.
“O Que Os Homens Falam”(Uma Pistola em cada mano/2012) também inova. Oito homens de meia idade questionam seus relacionamentos amorosos e não são mostrados como peças de melodrama: cada um fala de si. E não há soluções fantasiosas. Roteiro extremamente criativo de Tomàs Aragay com o diretor Cesc Gay. Sete prêmios em festivais incluindo o Gota(o Oscar espanhol).
“O Apostolo”(El Apóstol/2012) é uma animação stop-motion de Fernando Cortizo sobre um ladrão que resolve seguir o caminho de Santiago de Compostela para buscar uma arca com produtos de pilhagem por ele efetuada antes de ser alvo da policia. O encontro com um padre de olhar sinistro e um bispo balofo e folgazão dá ensejo a que ele veja uma romaria de almas penadas. O roteiro busca elementos culturais específicos da região onde se ambienta a historia. O filme ganhou prêmios nos festivais de Anecy e no Fantasporto(Portugal).
Cinema criativo é a marca do programa espanhol. Haverá duas sessões por dia (16,30 e 18,30) com ingresso franqueado.(Pedro Veriano)

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