sábado, 1 de fevereiro de 2014

HERZOG



Werner Herzog, nascido Werner H. Stipetic é um cineasta alemão de 72 anos conhecido dos paraenses não só por seus filmes, descobertos em 1970 pela ação do Cine Clube APCC, em memoráveis sessões na sede da AABB e auditório da antiga Faculdade de Odontologia, filmes veiculados pelo Instituto Goethe. Ficou conhecido em Belém quando esteve em busca de locações e ajuda a produção do filme “Fitzcarraldo”(1982) no inicio dos anos 80 (embora nos créditos do filme naõ trate sequer de Manaus onde teve grande ajuda). Hoje os documentários desse diretor estão circulando nas capitais brasileiras através do mesmo instituto. No cinema Olympia pode-se assistir, a partir de amanhã (31/01) aos títulos: “Herzog, Retrato de um Diretor”(1986), “Balada de um Pequeno Soldado”(1984), ”Ecos de um Império Sombrio”(1990), “Lições da Escuridão”(1992), “Fata Morgana”(1971 ) e “O Pequeno Dieter Precisa Voar”(1997). Do grupo só “Fata Morgana” chegou a ser exibido em Belém. Os documentários de Herzog são corajosos no modo como ele enfrenta dificuldades para realizá-los, adentrando por lugares de difícil acesso, a avaliar, por exemplo, a profusão de informações que consegue captar. Mas nada melhor do que ele mesmo para julgar seus trabalhos e isto se faz no primeiro filme do programa, uma espécie de confissão do realizador falando diretamente para a câmera (no caso, a plateia). Mas Herzog é conhecido por aqui também por ter visitado a cidade. Primeiramente no perído em que planejava filmar “Fitzcarraldo”(1982), o seu trabalho mais dispendioso e ousado. O roteiro (sempre é ele quem escreve) trata da situação de um rico empreededor (Klaus Kinski vivendo o personagem) que resolveu montar um teatro na selva amazônica para trazer operas, começando por contratar o famoso tenor Enrico Caruso (1873-1921). Para a produção, o cineasta tentou encontrar, na capital paraense, quem doasse roupas de época (século XIX) para a sequência de estreia do teatro, escolhido para ser o nosso Da Paz. Não conseguiu seu intento apesar de tentar insistentemente através dos meios de comunicação e percorrendo entidades que poderiam ajudá-lo. Acabou se deslocando para Manaus onde, enfim, conseguiu o que queria, filmando no Teatro Amazonas. O que impressionou em “Fitzcarraldo” – e que ele trata num dos documentários a ser exibido agora – é a sequencia em que era transportado um navio através da mata para alcançar o rio por onde iria navegar. Ao invés de apelar para efeitos especiais, Herzog contratou índios para puxarem o gigantesco barco pela selva adentro. Vê-se, no documentário, como os homens cortavam arvores e puxavam o navio com cordas. Uma loucura que dimensionou o sonho do promotor da opera na selva. Aliás, essas sequências foram questionadas após a exibição do filme no Brasil, considerando a utilização da mão de obra indígena (e ele não trata dessa presença, nos créditos do filme). Um ponto que teve reprecussão no meio cinematográfico foi o relacionamento de Herzog com o ator Klaus Kinski (1926-1991). Kinski era conhecido por seu gênio irritadiço, considerado mesmo como um “lunático”. Em Belém chegou a depedrar seu apartamento no Hilton Hotel. E só Herzog conseguia tratá-lo a ponto de extrair excelentes desempenhos. No documentário “Meu Melhor Inimigo”(1999) o diretor lembrou o ator passando do tom critico ao nostálgico, afirmando uma amizade acima do que ele mesmo chegou a dizer “muitos de meus cabelos brancos se devem a Kinski”. Herzog também andou pela nossa região ao realizar “A Cobra Verde”(1987). Atualmente ele mora nos EUA e já fez cinema comercial como “Vicio Frenético”(The bad Liitenant, 2009) roteiro de William Finkelstein com incursões de 4 outros cineastas inclusive Abel Ferrara. O filme interpretado por Nicolas Cage e Eva Mendes provou que Herzog sabe dominar qualquer tarefa sem cair nos estigmas. Embora não deixe de lado a sua paixão pelo documental ou pelo cinema de autor, afinal ele é um dos nomes da renovação estética do cinema alemão nos pós-guerra. No momento esse diretor está em filmagens de “A Rainha do Deserto” (The Desert Queen) com James Franco, Nicole Kidman e Robert Pattinson. Certamente é cinema de Hollywood, com o seu toque inconfundível, diga-se. Mas aos que não conhecem Herzog devem criar sua agenda para assistir aos títulos da mostra ora em cartaz. Cada filme deve ficar no Olympia ao menos dois dias. Programem-se para avaliar uma parte da obra de um dos meus diretores preferidos. (Luzia Álvares)

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