quarta-feira, 27 de novembro de 2013

E O MUNDO NÃO FOI AZUL PARA JASMINE

 
Todo bom cinéfilo sabe que o diretor de cinema Woody Allen é incansável. Como explicar tanta criatividade (e genialidade) com ele já passando dos 70 anos? E Allen faz um filme por ano. Um por ano. Quando acabamos de ver o seu mais recente filme, ele, praticamente já está terminando uma nova produção. E Allen tem sempre alguma coisa muito boa para contar. Seu mais recente trabalho é “Blue Jasmine” que chega a Belém no circuito Cinépolis Boulevard nesta sexta-feira, dia 29. Há uma promessa de que o filme ocupe também o Cine Líbero Luxardo em janeiro de 2014. Mas, se me permitem uma sugestão, o filme tem/precisa ser visto logo, não porque é um Woody Allen, mas porque é um Woody Allen em uma de suas melhores performances. A trama aparentemente é simples. Jasmine, nascida Jeanette (Cate Blanchett) é uma mulher linda e fútil, que vive de festa em festa, de chá em chá, de ganhar jóias exuberantes e peles caras, num oferecimento especial do marido Hal (Alec Baldwin), na bela e sofisticada Manhattan, em Nova York. O marido é um apostador do mundo dos negócios e vive de burlar o Fisco americano. Além disso, (e obviamente) trai a mulher com todas as mulheres mais próximas. Um belo dia, Jasmine assume que, sim, o marido a trai, e o confronta. Ele, sem ter por aonde escapar, confessa não só a traição, mas estar apaixonado pela “outra”. Jasmine nem pensa duas vezes e faz o que toda mulher faz (ou pensa em fazer): se vinga. O problema é que a vingança significa também a bancarrota de Jasmine. Tentando refazer sua vida, Jasmine se muda para a casa da irmã, Ginger (Sally Hawkins) que é o oposto dela, na cidade de São Francisco. Sally é aquilo que os americanos costumam chamar de looser, um conceito tão caro a eles que ser chamado assim é uma grande ofensa. Nessa tentativa de readaptação, Jasmine começa por implicar com namorado da irmã (tão looser quanto ela), mas percebe a necessidade de ser útil, por isso, consegue um emprego e começa a estudar computação, mas evidentemente que não deixará de circular com sua bolsa Hermès, muito menos de usar seu casaquinho Chanel, e nunca, jamais, viajará sem ser de primeira classe, com sua bagagem Loui Vuitton. O que a vida ensinou pra Jasmine após tantos percalços e tantas pequenas tragédias? Em um momento, o espectador acha que haverá uma salvação para aquela mulher tão maltratada, mas ainda assim, essa mesma vida parece dizer que não há mais volta e Jasmine ainda passará por outros momentos que justificam o colapso nervoso que ela teve anteriormente. Cate Blanchett brilha no filme. A trama é dela e Allen consegue lhe roubar uma das melhores interpretações da carreira da atriz. Olhando o horizonte, o dourado do Globo de Ouro e do Oscar estão lá, como a esperá-la. E olha que estamos falando de Blanchett, que já foi tudo no cinema, de elfa a Rainha Elizabeth I, passando por Bob Dylan, e interpretando Katharine Hepburn, o que lhe rendeu um Oscar. Ótima participação também no filme é de Sally Hawkins, que vimos muito bem em “Simplesmente feliz”. Mas são nas perguntas que Allen deixa no ar é que residem todas as questões de “Blue Jasmine”. Como não se abater com perdas? Como lidar quando se perde tudo? Como “sobreviver”? Será que Jasmine vai conseguir? Será que a vida dará uma segunda chance àquela mulher? “Blue Jasmine” instiga, pergunta, questiona e você não ficará indiferente a isso. Um dos grandes filmes deste final de ano. Não perca. (Dedé Mesquita)

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