domingo, 21 de julho de 2013

INDICAÇÕES EM DVD

O diretor Vincente Minnelli (1903-1986) é mais conhecido pelo cinéfilo por seus filmes musicais. Mas ele teve incursões por outros gêneros como as comédias e o drama. É dele “Herança da Carne”(Home from the Hill, EUA, 1960) inspirado no livro de William Humphrey através de um roteiro bem comportado de Harriet Frank Jr e Irving Raveth. Trata de uma situação familiar rural onde, numa cidade do Texas, o magnata Capitão Wade Hunnicutt(Robert Mitchum) vive separado sexualmente da esposa Hannah (Eleanor Parker) desde que ela o flagrou com outra (ou outras, pois, o conhecido no lugar é mulherengo assumido) na casa da fazenda. Ele tem um filho com uma delas, o então empregado da família, Rafe Copley (George Peppard). O casal tem um filho, Theron (George Hamilton) criado pela mãe. Quando este se apaixona por Libby (Luana Patten) resulta na gravidez dela. O caso ganha feição de escândalo na cidade, pois, as pessoas pensam que a criança é de Humphrey , haja vista que a jovem une-se a Rafe que resolve salvar a situação casando-se com ela. Acabrunhado com o falatório, o pai da jovem, Albert (Everett Sloane) acha por bem revidar a acusação matando o magnata. Theron que a esssas alturas saira de casa para custear sua própria independência tenta vingar o pai. Romanesco na essência, o filme consegue ser um bom contador de história como era praxe no cinema de então. O que causa incômodo hoje, especialmente em DVD, é o enquadramento usado nas primeiras produções em cinemascope apelando para os grandes planos como se os atores estivessem em um palco representando. Isso era exigido para o aproveitamento da largura da tela que assumia a feição de uma novidade. Mas o recurso diminuía os movimentos de câmera e os planos próximos. Fica difícil delinear comportamentos humanos embora se note o esforço de Robert Mitchum como o tipo do patriarca de difícil trato. Minnelli realizou esse filme em seguida ao sucesso de “Gigi”(1958) e de duas provas de sua versatilidade e prestígio na Companhia Metro: “Brotinho Indócil” (The Reluctant Debutant, 1958) e “Deus Sabe o Quanto eu Amei”(Some Came Running, 1959). Era um diretor versátil que deixou títulos ainda hoje apreciáveis. Foi marido de Judy Garland e pai de Liza Minnelli . “O Quarteto”(Quartet, EUA, 2012) é o primeiro filme que Dustin Hoffman dirigiu. Famoso como intérprete de sucessos a começar com “A Primeira Noite de um Homem”(The Graduate, 1967) ele se apaixonou pela peça de Ronald Harwood que o próprio autor escreveu para o cinema. Um dos muitos filmes sobre pessoas idosas, mas com uma sensibilidade flagrante. Trata de músicos que vivem num asilo e anualmente apresentam-se em um concerto. No caso, esse que está sendo ensaiado é dedicado ao aniversário de Giuseppe Verdi, o famoso compositor italiano. O enfoque evidencia conflitos familiares e problemas da idade. Um grupo de bons atores ganha espaço com direção segura, valendo a ideia de que atores dirigem bem atores: Maggie Smith, Tom Courtney, Bill Connoly, Pauline Collins, Michael Gambom, como sempre fascinam em seu desempenho. Estão admiráveis e conduzem a sintonia com as vicissitudes da idade. Inédito nos cinemas locais. “Viúvas” (Viduvas, Argentina 2011) é, sem duvida, inusitado. Trata de duas mulheres que se encontram depois da morte de um homem de meia idade. Uma é a esposa(Graciela Borges), outra, a jovem amante (Valeria Bertucceli, tão jovem que no hospital onde se dá o óbito pensam ser filha do casal). No momento em que se acha nos estertores da morte, o personagem pede à esposa que cuide da outra. E por incrível que pareça ela cuida, embora relutante a principio pelos brios feridos por ter sido enganada durante tantos anos pelo marido. E as coisas complicam quando fica evidente que a jovem está grávida do morto. Um melodrama quase inverosimil se não, absurdo, bem tratado como narrativa graças à direção de Marcos Carnevale, também autor do roteiro. Segundo ele, fez “um filme de mulher para mulheres”. Não disse “que mulheres”, pois a situação exposta é muito dificil de absorver. Mas eles estão na Argentina, assim... pensemos que por lá isso pode ocorrer.(Luzia Álvares)

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