terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"O LADO BOM DA VIDA"

A mistura de gêneros nem sempre funciona. Comédias dramáticas, dramas cômicos, seja o que for, têm que ter um roteiro muito bem estruturado com personagens bem definidos para que o “timing” das situações funcione na tela e o tema principal do filme não seja abalado, enfraquecido. “O Lado Bom da Vida” (do mesmo diretor do bom “O Vencedor” que deu “Oscar” de melhor ator coadjuvante para Christian Bale) começa bem. Muito bem. Um dos personagens, um ex-professor que após passar quatro anos internado numa instituição para tratamento de deficientes mentais tenta consertar os erros de seu passado, dá o tom principal do filme. A busca desesperada pelo passado como redenção do presente, seu relacionamento com a ex-esposa, pais, família e tudo que o cerca é absurdamente paranóico. À deriva, este personagem acaba encontrando uma mulher que vive seus dramas pessoais de forma diferente, mais agressiva, mais realista mais não menos sofrida. A partir daí, ela guia o filme com sua personalidade forte e enigmática. Até este momento o filme cresce, funciona, interessa. O que pode acontecer com estes dois personagens à deriva, à margem? Dois “outsiders” num meio social pobre e cheios de regras. Mas a solução fácil de transformar o filme em algo simpático ao público muda toda a direção da história. Colocar uma competição de dança como uma “passagem” deste mundo de solidão para um mundo de redescoberta transformou a história num clichê do clichê. Final previsível, cenas previsíveis. Faltou apenas a canção “When You Wish upon a Star” para terminar este conto de fadas que no início era um drama interessante sobre dois “outsiders”. O que salva o filme do desinteresse total são as atuações de Jennifer Lawrence (grande atriz de sua geração que já esteve fantástica em “Inverno da Alma”) e Robert De Niro (grande ator da sua geração que apesar de nem sempre fazer bons filmes sempre está digno em seus papéis). Ambos podem ganhar o “Oscar” este ano e merecem. “O Lado Bom da Vida” é apenas um filme mediano, comum, sem maiores questões. E como o “Oscar” coloca esse filme em tamanha evidência com tantas indicações? Nos últimos anos, os filmes indicados ao maior prêmio do cinema americano tem sido de bom nível mais este ano, apesar de bons filmes lançados, algumas indicações decepcionaram. Tomara que em 2014, o “Oscar” volta a ter mais critério e indique filmes melhores. (Marco Antonio Moreira)

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