domingo, 3 de fevereiro de 2013

O ano de 2012 e a grande reverência ao cinema

O ano de 2012 ficará marcado como aquele em que o mundo quase acabou por conta de um mau entendimento do calendário do povo Maia. O ano findou e nada aconteceu, mas o cinema continuou a nos encher os olhos com sua magia e encantamento. Numa breve retrospectiva, 2012 ficará na lembrança como aquele ano em que vimos duas belas homenagens à Sétima Arte com “O artista”, de Michel Hazanavicius, e “A invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese. Os dois filmes, em seus momentos, mostram como se deu o início do cinema, de forma contrastante. Se em “O artista”, temos o cinema mudo e em preto & branco, em “A invenção de Hugo Cabret”, a história de como o cinema se iniciou, com roteiro e efeitos especiais, relembrando o pioneiro Georges Méliès, Scorsese apostou no formato 3D e não decepcionou. Os dois filmes disputaram, palmo a palmo, os Oscar 2012, e ficaram com cinco estatuetas cada um, com uma leve vantagem para “O artista” que foi o melhor filme. O 3D teve seu momento de consolidação em 2012. Ou alguém poderia imaginar que esse formato brindaria o público com um documentário? O diretor alemão Wim Wenders fez de “Pina” uma homenagem, tanto ao cinema, quanto à bailarina alemã Pina Bausch, em 3D e em belas imagens e cores. No finalzinho do ano, chegou aos cinemas “As aventuras de Pi”, de Ang Lee, onde o 3D é quase um personagem da história, tal a sua importância dentro do roteiro. Os filmes citados estiveram presentes nas listas de melhores do ano dos integrantes da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), mas o grande vencedor, segundo a tradicional eleição, foi “A separação”, de Asghar Farhadi, que ganhou quase todos os prêmios que disputou no ano passado, incluindo o Globo de Ouro e o Oscar, como melhor produção estrangeira. Para ACCPA, depois do primeiro lugar de “A separação”, a lista seguiu com “Pina”, “Fausto”, de Alexander Sukorov; “A invenção de Hugo Cabret”; “O artista”; “Shame”, de Steve McQueen; “Drive”, de Nicolas Winding Hefn; “Intocáveis”, de Eric Toledano & Olivier Nakache; “Precisamos falar sobre Kevin”; e “Cosmópolis”, de David Cronnenberg. “Fausto” trouxe de volta o preciosismo de Sukorov para (re)contar a história do homem que vendeu a alma a Mefistófeles, em imagens que beberam em fonte das artes plásticas. Um filme de belas imagens e interpretações viscerais. Em “Shame” brilhou a estrela de ator alemão Michael Fassbender, que foi um dos mais vistos nas telas em 2012. Com ele no elenco, os filmes “Um método perigoso”, de David Cronnenberg, e “Prometheus”, de Ridley Scott, ganharam um quê a mais. Mas de “Shame” é sempre bom lembrar a participação da atriz Carey Mulligan, especialmente na cena na qual ela canta “New York, New York”. “Drive” trouxe o talento do diretor Nicolas Winding Hefn e a presença do, agora, super disputado, ator Ryan Gosling. Aposte neste nome, assim como em 2012, ele será um dos mais quentes nomes de Hollywood daqui em diante. Veio da França um dos maiores sucessos naquele País e que saiu conquistando público e crítica por onde passou. “Intocáveis” é baseado numa história real e mostra uma trama simples, direta e cativante sobre uma amizade que tinha tudo para dar errado e se concretiza numa homenagem aos amigos de verdade. “Precisamos falar sobre Kevin” é daquelas histórias que não deixam o público indiferente. Com uma interpretação inspirada de Tilda Swinton, o filme busca mostrar como a tragédia dos assassinatos em massa, muito comum nos EUA, se germina e se torna realidade. Já em “Cosmópolis”, Cronnenberg coloca o ator Robert Pattinson como um milionário que, de dentro de sua limusine, vê uma sociedade se desmoronando. Woody Allen contribuiu com sua produção anual, desta feita com “Para Roma com amor”, que se não é um de seus melhores filmes, ainda fica acima da média. Os diretores brasileiros Fernando Meirelles e Walter Salles também mostraram suas mais recentes produções. O primeiro com “360” e o segundo com “Na estrada”, versão cinematográfica do livro homônimo de Jack Kerouac. Nos grandes festivais de cinema pelo mundo, tivemos em Berlim a vitória de “César deve morrer”, de Paolo e Vittorio Taviani (da Itália); em Veneza, o vencedor foi “Pieta”, de Kim ki-duk (da Coréia do Sul); e em Cannes, a Palma de Ouro ficou com “Amor”, de Michael Haneke (da França). Os três chegam aos cinemas agora no início deste ano. No Brasil, o grande premiado no Festival de Gramado foi “Colegas”, de Marcelo Galvão, num filme que se utilizou de atores amadores portadores de Síndrome de Down. No Festival de Brasília, o Candango de Melhor Filme foi dividido entre “Era uma vez eu, Verônica”, de Marcelo Gomes, e “Eles voltam”, de Marcelo Lordello. No Festival do Rio, o melhor filme foi “O som ao redor”, do novato pernambucano Kleber Mendonça Filho. Por falar em cinema nacional, o ano foi de boas bilheterias para filmes que optaram pelo caminho da comédia ligeira e ter no elenco nomes conhecidos da televisão brasileira. Que o digam “E aí, comeu”, de Felipe Joffily; “Até que a sorte nos separe”, de Roberto Santucci; “Os penetras”, de Andrucha Waddington; e “Gonzaga - de pai pra filho”, de Breno Silveira, este uma exceção, assim como é “Xingu”, de Cao Hamburgo, que se mostram produções diferenciadas do que se produz atualmente no cinema nacional. As histórias em quadrinho continuaram a chegar aos cinemas, com bilheterias assombrosas. “Os vingadores”, de Joss Whedon; “Batman – O Cavaleiro das Trevas ressurge”, de Christopher Nolan; e “O espetacular Homem-Aranha”, de Marc Webb, ficaram semanas em cartaz, com muito público. Sem esquecer que o agente britânico 007 chegou aos 50 anos e mostrou em “007 – Operação Skyfall”, filme de Sam Mendes, umas das melhores histórias com James Bond. Em 2012, o Cine Olympia completou 100 anos de funcionamento, sempre no mesmo lugar, com mesmo nome e sem ter parado de funcionar por longos períodos. O centenário foi comemorado com um seminário que teve a presença dos críticos de cinema convidados como os paulistas Maria do Rosário Caetano e Luiz Zanin Oricchio, além de festivais de filmes dos diversos gêneros cinematográficos. Também em 2012 foi celebrado os 50 anos de fundação da ACCPA, que se iniciou em dezembro de 1962 como Associação Paraense de Críticos de Cinema (APCC). (Dedé Mesquita)

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