sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

FOGO FRIO

No auge da pirofobia originada pela tragédia da boate sulriograndense chega aos nossos cinemas “Fogo Contra Fogo”(Fire with Fire/EUA,2012). Mas o roteiro de Tom O’Connor pouco trata de incêndios. O personagem central é que é um bombeiro e a trama que o envolve parte de ter presenciado um bárbaro assassinato em uma lanchonete sendo marcado pelo assassino a ponto de passar a fazer parte da cobertura policial à testemunha, embora o que interessa a essa figura, Jeremy Coleman (Josh Duhamel), seja ele mesmo perseguir e matar o assassino. O filme dirigido por David Barret, dublê de vários filmes e diretor exclusivo de filmes e séries de TV, é como um desses teleplays que se vê em casa, num canal de assinatura, exibindo em uma narrativa dinâmica, mas sem brilho, os mais diversos “furos” e absurdos como é de praxe nos chamados “filmes de ação”, em especial, os derivados de historias em quadrinhos. Se há alguma vantagem em sair de casa para ir ao cinema em agenda de meio da tarde para ver esse tipo de programa, além do compromisso com a coluna, é o fato de ele não estimular o sono. “Fogo Contra Fogo” não é monótono. Há uma trama bem engendrada apesar de extremamente banal. E isso acontece porque o diretor sabe dar ao roteiro um ritmo ágil, com sequencias econômicas, o que vale dizer, uma edição (montagem) acelerada capaz de mandar estímulo de nossos olhos ao cérebro, suficiente para acompanhar a ação marcada por quem briga, quem morre, quem escapa de tiroteio, enfim quem se aventura em um cenário típico de “déja vu”. O melhor desempenho está com Vincent D’Onofrio no tipo do vilão David Hagan. Este ator agora muito conhecido por suas atuações em séries de TV, como a Law & Order Criminal Intent, ganhou evidencia em 1987 quando incorporou um recruta humilhado por um sargento-comandante de novatos em “Nascido Para Matar” (Full Metal Jacket) de Stanley Kubrick e quando foi obrigado a engordar 31 quilos (para o cinema atual ele está em 9 filmes em pré e pós-produção). Na época, D’Onofrio era um jovem gordinho e cara de ingênuo. Hoje pode usar a máscara de um bandido sanguinário como apresenta neste “Fogo...” que no mercado norte-americano foi logo destinado aos canais de TV e DVDs. Mas, o grande público certamente está privilegiando esse programa tendo em mente encontrar Bruce Willis, há muito apresentando uma máscara de um homem calvo, refazendo os tipos semelhantes ao que moldou em “Duro de Matar”(por sinal está com um novo titulo preste a ser lançado). Bruce não se evidenciou jamais como um bom ator, salvando-se quando se inclui em papéis onde o diretor é competente e o roteiro minimiza sua atuação. Mas neste novo personagem que está nas telas da cidade ele parece de férias. Sonolento, pouco ou nada faz. Parece que está “assinando o ponto” como um funcionário de estúdio. Ele representa um delegado que sabe onde está e como atua a principal presa, tendo clareza ainda o modo como o tipo pode influenciar na vida do rapaz protegido pela policia, embora não faça nada que ajude ou facilite a vida desse “marcado de morte” que é testenhuma-chave, daí estar ente as pessoas que recebem proteção policial integral ou são inscritos no Programa de Proteção às Testemunhas. Apenas presencia as articulações do tipo para chegar ao assassino psicopata. E a relação do filme com fogo só mesmo no final quando o “mocinho” da história constrói sua vingança, em ação do qual ele tem expertise por ser bombeiro (embora sua missão seja contrária à ação criminosa) de saber incendiar o prédio onde está o assassino que persegue. Aos olhos do espectador banca o “herói” de verdade ao salvar a namorada que está nesse prédio, embora, a princípio, desconhecesse o fato. “Fogo Contra Fogo” seria um programa melhor se fosse assisitido em casa, em DVD ou em transmissão de TV, numa sessão noturna que capitaliza o sono. No cinema é pura perda de tempo, exceto se você está indo a um shopping por outro motivo para, como se diz, “fazer hora”. (Luzia Álvares)

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