terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"ANNA KARENINA"

O relacionamento do cinema com o teatro sempre foi intimo, mas, como marido e mulher, cada um tem suas características e muitas vezes estas se mostram irreconciliáveis. Filmes vindos de peças teatrais muitas vezes são registros de falas perseguidas em atuações exageradas de atores que as câmeras seguem afoitas com medo de parar e com isso fazer a vez de um passivo espectador na plateia (melhor: no camarote).Pouco cinema. Esse parentesco é desfiado em “Ana Karenina”(EUA,2012) de Joe Wright o competente diretor inglês que traduziu bem o universo de Jane Austen na sua versão de “Orgulho e Preconceito”. O filme começa com uma tomada de um palco. Abre-se a cortina, há uma visão passiva de um quadro cênico mas logo a câmera se intromete e vaga por lugares insuspeitados, sempre numa posição de quem dança, bailando literalmente por sobre o classico literário que em cinema deu um dos melhores momentos de Greta Garbo. Wright brincou de teatro e literatura. Sua Karenina antes de se jogar sobre o trilho do trem parece que a toda hora vai cantar. Não se trata de um musical, mas eu arrisco chamar o filme de musical sem musica. É tudo o que perseguiu a versão operística de “Os Miseráveis” sem fazer cinema. E como cinema é movimento, a dança que sai e entre no palco (vai e volta) engloba trechos e falas do original com a demonstração cativante de direção de arte (cenografia), figurino, fotografia, e mobilidade de varias objetivam(cinegrafia que usa lentes de vários milímetros). Uma festa para os olhos sabendo que muitos da plateia sabem quem é a personagem principal e seu destino. Ah sim: o filme é candidato a Oscar técnicos. Todos justos.(Pedro Veriano)

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