sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

"A HORA ESCURA"

Antes que eu me esqueça: a opção pela lembrança do teatro na linguagem de “Ana Karenina” por Tom Stoppart (roteirista) e Joe Wright(diretor) foi um adendo à elegância da cena na época da ação descrita por Tolstoi. Poderia ser um musical, com o fausto da melhor cenografia de Hollywood & Pinewood,mas ficou na estrutura. Outro filme da campanha do Oscar que chega aos cinemas de Belém é “A Hora Mais Escura”(Zero Dark Thirty) de Katherine Bigelow. O roteiro de Mark Boal focaliza a gigantesca operação da CIA em encontrar Osama Bin Laden. O autor do atentado ao World Trade Center ficou na mira dos americanos desde o fato em 2001. Havia uma gana em capturar vivo o terrorista e levá-lo aos EUA para um julgamento que não precisaria de bola de cristal para se saber o veredito. Mas o homem foi morto. E na casa onde foi achado estavam mulher e filhos. Estes foram poupados. Bem, a história andou sendo contada pelo militar que atirou na cabeça do perseguido. Não se sabe detalhes. E o filme passa quase duas horas costurando a operação em si, como se delineou a busca até achar a “toca” da presa. Bigelow deve ter pensado num replay de seu “Guerra ao Terror”, zebra do Oscar de quatro anos passados. Creio que não vai dar. Longo, seguindo uma linha documental que não deve interessar a muitos (especialmente quem acompanhou pela imprensa a caça a Bin Laden) o filme perde a chance de ir fundo na ideia sinistra do personagem em atacar o centro de Nova York como forma de “liquidar” um inimigo (e nem se fala no relacionamento de Osama e parentes em negócios como o petróleo). A mim foi um sacrifício passar 157 minutos assistindo. Claro que uma obra de ficção, mesmo baseada em fato real, permite desvios autorais. Mas um fato recente pedia outra coisa. Pedia mais informações e processo narrativo na linha que Henry Hathaway criava como “semidocumental”. Se a opção foi por uma simples amostragem da caçada ao inimigo público não era preciso tanta amostragem burocrática que no fundo exala propaganda. Em poucas palavras: “A Hora Mais Escura” escureceu, sim, o prazer de ver cinema. E Jessica Charlstein, candidata a Oscar, está OK, mas concorrer com Emanuelle Riva(Amor) é absurdo.(Pedro Veriano)

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