segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O AMOR DO ARLEQUIM PELA COLUMBINA

A cidade-luz é o cenário do poético “O Boulevard do Crime”, clássico considerado o maior filme francês da história Paris, 1830. O Boulevard du Temple é o local dos teatros, dos cabarés e da vida boêmia da capital francesa. É neste cenário que desenrola o tumultuado triângulo amoroso formado pelo mímico Baptiste a atriz Garance e o ator Lemaitre. Filme-símbolo do realismo poético, “O Boulevard do Crime”, de Marcel Carné, será exibido nesta terça-feira, 6, no Cineclube da Casa da Linguagem, pela Associação de Críticos de Cinema do Pará. Principal corrente estética do cinema francês nas décadas de 30 e 40, o realismo poético fez florescer o talento do cineasta Marcel Carné, que em colaboração com o poeta Jacques Prévert, realizou grandes obras como “Cais das Sombas”, “Trágico Amanhecer” e “O Boulevard do Crime”. Realizado em 1945, o ‘Boulevard...’ foi eleito o maior filme francês do século XX, em votação que reuniu críticos, cineastas, atores e intelectuais franceses. A história romântica e trágica mostra Garance (Arletty) divida entre o amor de Fréderick Lemaitre (Pierre Brasseur) e a devoção de Baptiste (Jean-Louis Barrault). Elel, que trabalha como mímico, é o personagem mais fascinante da obra, com sua emoção que ultrapassa qualquer necessidade de fala. Baptiste cresceu como o menino mudo e sonhador, que enxerga o mundo de maneira onírica e busca a perfeição, que acredita haver encontrado em Garance. A saga inicia em 1828, no período pós Bonaparte.
O triângulo na verdade, é um quadrangulo quando entre em cena o escrivão Lacenaire (Marcel Herrand ), o vilão da história. Frio, Lacenaire é um homem que não encontra compreensão no mundo que o cerca. Acha-se superior a tudo que o rodeia e não se importa com nada. É o contraponto à doçura de Baptiste. De todo jeito, Baptiste e Garance são dois marionetes, jogados ao meio de toda uma gama de complicados e maldosos personagens do universo teatral e mundano de então. São manipulados por estes e pelo destino que os separa. Todo rodado em estúdio, o filme de propósito confunde a vida real e a teatral, dentro daquele princípio shakespeariano de que o mundo é um palco. Será que o mímico conquistará o amor da atriz? Perdida em um turbilhão de máscaras, em meio ao carnaval, Garance tem como confidente Nathalie (Maria Casares), que lhe revela a verdade que busca ocultar, no desfecho da obra. A segunda parte de “O Boulevard do Crime” sera exibida na próxima terça-feira, dia 13, no mesmo horário.
Curiosidade - O título original, “Les enfants du paradis”, (as crianças do paraíso) consiste numa referência à linguagem do teatro, indicando, na gíria da época, os pobres (‘les enfants’) que não podiam pagar mais e, por isso, sentavam nas filas de trás (‘paradis’), onde mal ouviam as vozes do atores.
SERVIÇO: Sessão ACCPA/CPV apresenta “O Boulevard do Crime - parte 1”, de Marcel Carné. Nesta terça, 06 de novembro, às 18h no Cineclube da Casa da Linguagem (Avenida Nazaré, 31 – esquina com a Travessa Assis de Vasconcelos). Entrada Franca. Após a exibição, debate entre os críticos da ACCPA e o público.(Lorenna Montenegro)

Nenhum comentário:

Arquivo do blog