terça-feira, 23 de outubro de 2012

O HOMEM DA CICATRIZ EM SUA PRIMEIRA APARIÇÃO

“Scarface” dá sequencia ao ciclo Howard Hawks na Casa da Linguagem
Bem menos famoso do que a versão dirigida por Brian de Palma e estrelada por Al Pacino em 1983, “Scarface – a vergonha de uma nação” é um dos primeiros filmes noir da história, uma obra de valor artístico e histórico irrefutável que leva a assinatura de Howard Hawks. Como o prolífico cineasta americana esta sendo homenageado em uma ciclo na Casa da Linguagem, o filme será exibido nesta terça-feira, numa programação da Associação de Críticos de Cinema do Pará. Paul Muni carrega de expressividade a interpretação do papel-título, um gangster cruel e cheio de atitudes infantis que, após eliminar o chefão do crime, toma o seu lugar.
Livremente inspirado na vida de Al Capone – que ainda era vivo e estava na ativa -, o mais famoso fora-da-lei dos Estados Unidos nos anos 20, é personificado em Tony Camonte. Vemos como o ex-capanga monta o seu império e começa a preocupar outros mafiosos como Jonnhy Loro (Osgood Perkins) e Cesca (Ann Dvorak), sua irmã e grande paixão. Ela acaba ajudando na derrocada de Camonte ao se envolver com Gunio Rinaldo (George Raft), um de seus homens de confiança. Em meio às balas, a tragédia se desenha na vida de Scarface, envolto em sombras numa Chigaco engolida pela criminalidade e o jazz. Com este filme Hawks definiu as bases do gênero filme de gangster, com um naturalismo quase documental, muita violência, algum drama e um banho de sangue no fim. Com isso, “Scarface” também consolida um tipo de personagem que viria a ser muito explorado no gênero noir e se tornaria comum no cinema contemporâneo, que é o anti-herói. Ninguém nega que Scarface seja um bandido, mas Muni e Hawks nos levam a ter piedade do homem engolido pela sua fúria e ganância.
Nota-se uma paixão por cinema vinda de Hawks que, nos minutos iniciais do filme, presta uma singela homenagem ao cinema mudo expondo "cartelas" e mostrando um salão onde houve uma festa de gangsteres, que está completamente destruída. Uma narração totalmente descritiva dá conta do que ocorreu, sem quebrar o ritmo da narrativa. A sua capacidade de alcançar temas diversos levou-o a focalizar com maestria a depressão do final dos anos 20 com os gangsteres surgidos à margem. E mesmo nos primórdios da montagem, “Scarface” mantem um ritmo quase frenético, apoiado em personagens fortes que vão movendo a trama e capturando a atenção.
E por falar nisso, atenção para a participação do grande Boris Karloff (de “Frankstein” e “A múmia”) como o asqueroso Gaffney. Sobre o ciclo – Homenageando um cineasta versátil por excelência - Howard Hawks (1896-1977) - o ciclo já exibiu “Onde Começa o Inferno”, provando a multiplicidade de temas e gêneros que o americano abordou, com uma linguagem rica e ao mesmo tempo popular. Amigo de atores como John Wayne,e o casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall,( de quem se colocava como Cupido pois apresentou ela a ele durante as filmagens de “Aventura na Martinica”), gostava particularmente da comédia e do western. Na comédia foi considerado um dos “pais” do chamado “screwball”, que foram sucesso de bilheteria assim como boa parte dos seus filmes. (Lorenna Montenegro)
SERVIÇO: Sessão ACCPA/CPV apresenta “Scarface – A vergonha de uma nação”, de Howard Hawks. Nesta terça, 23 de outubro, às 18h no Cineclube da Casa da Linguagem (Avenida Nazaré, 31 – esquina com a Travessa Assis de Vasconcelos). Entrada Franca. Após a exibição, debate entre os críticos da ACCPA e o público.

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