Nos meus verdes anos eu era colecionador de discos (aqueles de cera). E a maioria era da nossa musica popular. Foi o tempo em que se lançou “Baião” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira com interpretação de Luiz. O depois deputado Raimundo Noleto, que morava em minha casa, achava, vaidoso, que a letra mencionava a sua cidade natal, Xerente (Go). Não deu para contestar, mas o disco fez sucesso. E o que Luiz gravou a seguir também. Lembro-me de “Qui Nem Jiló” com saudade de um tempo em que sanfona, digo acordeom, era moda. No Mosqueiro, onde minha família se refugiava nos períodos de férias, as moças amigas de meus pais tocavam isso. Eram as “gonzaguinhas”, quando, na verdade, já seguiam Mário Mascarenhas, aquele que apareceu tocando sobre uma carroça no último filme de Humberto Mauro “O Canto da Saudade”(a música era “O Canto do Pagé” de Villa-Lobos).
O mundo musical de Lua (Luiz Gonzaga) surge no filme “Gonzaga: De Pai Pra Filho” escrito e dirigido por Breno Silveira. Vi contendo a emoção. Mas rendi meu senso critico no final quando surgiu, acompanhando os créditos, “O Que é O Que é” de Gonzaguinha. Ali está a síntese do drama que rolou entre pai e filho. Mas o filme cobre a infância do pai, dá conta do agreste, consegue a cor nordestina, e mesmo fazendo locações turísticas no Rio(o Pão de Açúcar em segundo plano para efeito de exportação), deixa a ideia de como foi sacrificada a vida do compositor& instrumentista & cantor. O drama real passa na rapidez da linguagem direta como um (bom) melô. A vida é assim mesmo e o filho do sanfoneiro diz bem que ela “podia ser melhor e será, mas é bonita, é bonita e é bonita”. Daí um quase fecho apoteótico com o show dos dois músicos se reconciliando no tom e no abraço. Antes, o primeiro abraço deixa o sol no fundo. Recursos velhos de linguagem que ainda fazem efeito. Ninguém deixa de fazer cinema do tempo da “cena muda” por vergonha de ser “demodée”. Gosto desta opção do Bruno Silveira. Nos filmes dele “não há vergonha de ser feliz”(ainda a canção do Gonzaguinha). E até por isso o filme não chega às mortes dos personagens, tão próximas uma da outra. Gostei do que vi. Cheguei a conter as lágrimas incitadas pelo encadeamento dos fatos. E os atores foram tão parecidos com os tipos vividos (especialmente Julio Andrade no Gonzaguinha adulto) que espantou. Espero que o publico prestigie o filme. Já chega de lotar cinema só com neopornochanchadas.(Pedro Veriano)
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2012
(232)
-
▼
outubro
(30)
- GONZAGAS : O FILME
- JAMES BOND NA PROGRAMAÇÃO
- "O LIVRO DE CABECEIRA" NO CINE SARAIVA DIA 01/11
- ÚLTIMO FILME DE ROMAN POLANSKI NO CINE ESTAÇÃO
- PROGRAMAÇÃO ACCPA - NOVEMBRO/2012
- DIA INTERNACIONAL DA ANIMAÇÃO
- HOLYWOOD CONTRA HITLER
- DISCUSSÃO EM FAMÍLIA
- PARANORMALIDADE E CINEMA
- A OBSCURA MENTE DE UM MATEMÁTICO
- UM RETRATO DA FOME QUE NÃO TEM COR
- O HOMEM DA CICATRIZ EM SUA PRIMEIRA APARIÇÃO
- "GARAPA" NO CINE SESC BOULEVARD DIA 24/10
- "PI" NO CINE SARAIVA DIA 25/10
- SUCESSOS DE ONTEM
- NA FRENTE DAS TELAS
- MELODRAMAS
- A MELANCOLIA DO IMENSO AZUL
- "A LIBERDADE É AZUL" NO CC ALEXANDRINO MOREIRA DIA...
- "FAUSTO" NO CINE ESTAÇÃO A PARTIR DE 18/10
- MOSTRA "TARZAN - O FILHO DAS SELVAS" - DE 16 À 21/...
- CINE BANDEIRANTE
- "TED"
- "TARZAN" NO CINE OLYMPIA
- "BUSCA IMPLACÁVEL 2"
- AVISO - ALTERAÇÃO NA PROGRAMAÇÃO DO CC ALEXANDRINO...
- CICLO HOWARD HAWKS NO CC DA CASA DA LINGUAGEM
- "Post Tenebras Lux" de Carlos Reygadas
- PROGRAMAÇÃO ACCPA - OUTUBRO 2012
- "IRACEMA: UMA TRANSA AMAZÔNICA" NA SESSÃO ACCPA/SA...
-
▼
outubro
(30)
Nenhum comentário:
Postar um comentário