segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"FEBRE DO RATO"


“Febre do Rato” de Cláudio Assis.
Quando vejo um filme de Cláudio Assis, sempre saio do cinema com a impressão de que o cinema brasileiro precisa de diretores que sejam polêmicos, atrevidos e desafiadores. Não gosto de todos os filmes de Assis mais vejo no seu cinema algo particular, algo autoral que somente ele poderia fazer hoje no cinema brasileiro. Posso discordar do cinema de Assis, mas ele sempre se joga, se e se revela em seus trabalhos. Dessa forma ele é, deseja ser, será, um diretor autoral por mais que seu cinema não seja apreciado pela maioria. “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas” são dois trabalhos fortes, reais e que mostraram as intenções deste pernambucano com o chamado novo cinema brasileiro. Mas é com “Febre do Rato” que ele se define e se completa até agora. Febre do Rato é uma expressa popular de Recife que revela quando alguém está fora de controle, está “danado”. “Febre do Rato” é um filme sem controle, danado, que mistura realismo, poesia, personagens à beira do fim e do começo, inconformados com tudo e com todos. É um filme anarquista, graças à Deus, que promove a loucura através da arte para se chegar à qualquer lugar. E tenha certeza que qualquer lugar é muito para os personagens deste filme. Assis não faz concessões. Não quer que o espectador se identifique com seus personagens mais sim, que saiba que eles existem aqui fora e de alguma forma, também dentro de cada um de nós. Sexo e poesia, loucura e liberdade, certo(?) e errado (?). Uma nova forma de vida, de viver, de se relacionar com a vida. É isto que Assis indica em “Febre do Rato”. Cabe ao espectador acompanhar ou não esta jornada proposta por este diretor que merece total atenção de quem gosta de cinema. Destaque mais do que especial para a delirante fotografia em preto e branco de Walter Carvalho.(Marco Antonio Moreira)

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