sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O LADO "FAKE" DA ARTE SEGUNDO ORSON WELLES


O Lado "Fake" da arte segundo Welles
Cineasta realiza em seu último filme uma reflexão sobre autenticidade

Com a massificação cada vez mais consolidada da internet, está se tornando comum convivermos com ‘fakes’ – nome atribuído a quem se passa por outras pessoas nas redes sociais. Seja pelo fato de que pessoas fingem ser o que não são no mundo virtual, seja por reproduções indiscriminadas de obras de arte, fotos e outras imagens em perfis pelas redes sociais, estamos rodeados de cópias falsas.
Mas antes mesmo da evolução tecnológica invadir nossos lares, o diretor Orson Welles já refletia sobre o que há de realmente legítimo na arte. Em 1973, ele realizou “Verdades e Mentiras” – no original F for Fake-, que reflete sobre a autenticidade e a falsidade até em nossas próprias vidas e será exibido DIA 27/11 hoje no Cineclube Alexandrino Moreira, do IAP.
O filme acompanha Elmyr Hory, considerado por muitos um genial falsificador de quadros famosos. Também conhecemos o seu biógrafo, Clifford Living, famoso por fraudar a autobiografia de Howard Hughes, crime pelo qual chegou a inclusive ser preso e massacrado pela imprensa. Com o intenso fluxo de idéias de Welles conduzindo a narrativa, o filme promove uma reflexão sobre o papel da arte. O ator, diretor e criador de, talvez a obra mais importante do cinema, “Cidadão Kane”, aqui dá um banho estético com o seu estilo único de filmar e dirigir, concatenando cenas estáticas com outras sequencias frenéticas e quase sem corte, usufruindo do estilo documental e narrando o filme até em primeira pessoa em certas partes.

Final contundente
Este é o último longa-metragem de Welles, encerrando de uma maneira inusitada a brilhante carreira permeada ainda por filmes como “A Marca da Maldade”, “O Processo” e “Macbeth”. Por “Verdades e Mentiras”, eles foi acusado por seus detratores de ter falsificado o roteiro. Apesar disso, a obra é vista como uma resposta zombeteira a quem o acusa, e por meio da escolha de uma visão do que representa a autoria artística, faz o público tornar-se partidário da sua intenção autoral.
Numa era onde copiar e colar exige menos esforço do que criar, a reflexão presente no filme se faz contundente, semelhante a que fez Walter Benjamin no final do séc. XIX durante a ebulição industrial no mundo, através do artigo “A Obra de Arte na Era da Reprodutividade Técnica”. Porém, Welles amplia a discussão ao questionar a origem da arte, as mentiras e verdades que nela estariam contidas. (Lorenna Montenegro)

SERVIÇO
Sessão ACCPA/IAP apresenta: “Verdades e Mentiras”, de Orson Welles. Dia 28/11/11 às 19h no Cineclube Alexandrino Moreira (IAP - Praça Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica de Nazaré). Entrada Franca.
Após o filme, haverá debate entre público e críticos da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA).

Nenhum comentário:

Arquivo do blog