quarta-feira, 7 de julho de 2010

PRISÃO E FOME




Filmes sobre prisão são muitos e alguns bem produzidos. Lembro de “Alcatraz, Fuga Impossível” (Escape from Alcatraz) que revi recentemente em DVD. Clint Eastwood está excelente como um dos únicos presos a fugir da ilha onde ficava (foi desativada) uma prisão que se dizia à prova de fugas. Agora assisto ao muito bom “Cela 211”(Celda 221/Espanha,2009) de Daniel Monzón, detentor de 22 prêmios e 16 candidaturas a maioria em seu país de origem (ganhou quase todos os Goya, tidos como Oscar espanhol). O assunto é uma rebelião de presos que faz de reféns membros da resistência basca, tidos como terroristas. As autoridades se apavoram: se invadirem o presídio de qualquer maneira os bascos podem morrer dando margem a uma vingança dos rebeldes. E entre os presos está um candidato a guarda carcerário que tinha se apresentado para trabalhar na hora em que começa a revolta. Casado com uma jovem que está grávida de 6 meses que ao saber dos acontecimentos procura o marido, enfrentando a multidão que se coloca diante dos portões do presídio em busca de noticias de seus familiares, ganhando com isso a violência dos policiais. Ela morre e quando o guarda carcerário sabe pela televisão do que está acontecendo assume a condição de preso e passa a lutar contra os policiais matando um dos agentes prisionais. O final é trágico.

A direção consegue um clima angustiante. Todos os atores criam seus tipos e desempenham suas performances a altura, especialmente Luis Tosar, o intérprete do excelente filme “Pelos Meus Olhos”(Te Doy Mis Ojos/2003, de Icíar Bollaín), e que protagoniza o líder dos presos rebelados, conhecido como Malamadre.
O filme não esteve nos cinemas da cidade (e provavelmente não estará). Mas está em DVD.

Também só em DVD pode-se encontrar uma rara co-produção de 3 países: Noruega, Dinamarca e Suécia: “ Fome” (Sult/1966) de Henning Carlsen. O roteiro, do próprio diretor, foi adaptado de um romance escrito no final do século XIX pelo noruguês Knut Hamsem, vencedor do Prêmio Nobel de literatura em 1920. Focaliza um escritor que passa a morar em Christânia (Noruega) onde acha campo para editar seus trabalhos. Mas a falta de dinheiro para se manter e a morosidade dos editores em dar-lhe resposta sobre seus textos leva-o a peregrinar pelas ruas, surrando a roupa (paletó, gravata, chapéu), e chegando a disputar um osso com um cão.

O ator Per Oscarsson está em quase todos os planos e traduz muito bem o drama do personagem. Também a excelente direção de arte joga a história no tempo, único meio de ser aceita pelos espectadores da segunda metade do século XX.
Importante a entrevista (bastante longa, aliás) do diretor como bônus do DVD. É uma aula de cinema. Ele narra as dificuldades que teve em conseguir os direitos do livro e modular a produção entre 3 nações, cada uma solicitando uma forma de interferência. Também cita o comportamento de Ingmar Bergman quando ele quis que para o papel principal fosse um ator da companhia estatal sueca que Bergman dirigia.

O famoso diretor sueco disse que atendia ao pedido do norueguês, mas o seu ator, com isso, perderia um importante representação na peça que estava para encenar. De qualquer forma, Per Oscarsson, premiado nos palcos suecos desde sua interpretação de Hamlet, conseguiu superar-se e apresentou um desempenho que foi premiado e ainda hoje pode ser considerado impressionante.

O filme não chegou aos cinemas brasileiros. Resta conhecê-lo nas locadoras de vídeo. É a forma de se driblar os blockbusters das férias que estão nos cinemas, naturalmente para quem já assistiu a “Toy Story 3”, uma animação que nasceu clássica.

A novidade da semana, se não histórica, é o lançamento, nesta sexta, pela manhã, da sessão em 3D de “Shrek para Sempre”, no Moviecom Pátio 2, para convidados. Em seguida, as sessões serão normalizadas para o público em geral.

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