sábado, 12 de junho de 2010

"UM HOMEM SÉRIO" EM DESTAQUE

“UM HOMEM SÉRIO" de Joel e Ethan Cohen. Os irmãos Cohen representam hoje o melhor do cinema americano. Seus filmes, desde o surpreendente “Gosto de Sangue”, revelam um cinema diferenciado, construído em cima de imagens e palavras bem elaboradas e que a cada filme, fortalecem cada vez mais o estilo de cinema dos Cohen. Os personagens de seus filmes, vivem suas odisséias cheias de curvas e imprevistos, levando-os a caminhos variados, com final feliz, ou não. Em “Onde os Fracos têm Vez”, um de seus melhores filmes, este estilo se consolidou numa obra que reflete bem os dias de espanto e falta de ética que vivemos hoje.
Em “Um Homem Sério”, os Cohen criam um personagem que acredita na lógica, na matemática e que entende o universo como algo exato, e por isso, vive se perguntando porque certas coisas acontecem com ele, um homem sério e digno das tradições de sua familia.Mas sua mulher o abandona, os conceitos de sua religião acabam se tornando cada vez menos importantes, o acaso é cada vez mais freqüente e sua vida é cada vez menos previsível. Como ser sério e equilibrado com tudo isso? Os irmãos Cohen não têm essa resposta e muito menos pretendem que a religião ou o acaso apareçam e expliquem tudo. Ao contrário. Em “Um Homem Sério”, as perguntas mais uma vez ficam sem resposta, até porque, no universo dos Cohen, respostas exatas não existem. Existe sim o caos, que todos os personagens têm que saber lidar, mesmo que para isso tenham que derrubar seus dogmas, especialmente os religiosos. “Tudo é Matemática” diz o personagem principal. Ledo engano que ele vai percebendo aos poucos e refazendo os seus conceitos na “marra”, como todos nós. Só falta ao personagem principal do filme entender que a vida não é uma ciência exata. Como um furacão, um acidente de carro, uma morte, uma separação, nada é exato e em “Um Homem Sério”, nos surpreendemos com esta afirmação a cada cena “nonsense” que inevitavelmente nos remete a cenas de outros filmes dos Cohen.
Fundamentais para o cinema moderno americano, os Cohen a cada filme realizam um cinema de autor, livres para discutir o que quiserem, o que sentem e o que é relevante. Os filmes dos Cohen nos falam da vida como ela é, como nós gostaríamos que fosse e fatalmente, nos revela que tudo é diferente do que imaginado mais que isso não deve ser razão para a infelicidade. Caos, ordem, desordem, falta de lógica, confusão. A vida é assim e ninguém tem mais propriedade para falar sobre isso no cinema de hoje que os irmãos Cohen

Marco Antonio Moreira

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