quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"ABRAÇOS PARTIDOS" DE ALMODOVÁR EM ÚLTIMAS EXIBIÇÕES NO CINE LÍBERO LUXARDO

“ABRAÇOS PARTIDOS” de Pedro Almodovár. O Cinema de Pedro Almodovár é um cinema diferenciado. Desde seus primeiros filmes, seus primeiros sucessos de crítica como “O Matador”, “A Lei do Desejo” e “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, se percebe sua preocupação com personagens que realmente existam e sejam próximos da realidade do espectador. Dessa forma, sua obra vem numa evolução tranqüila, normal, de quem realmente começa a entender o cinema como arte e como forma de expressão de seu pensamento. Fortemente inspirado pelos melodramas do cinema americano de diretores como Douglas Sirk, Almodovár em cada filme procura contar uma história de paixão e dúvida pelos caminhos que a vida oferece. Aqui, o cineasta Mateo Blanco sofre um acidente e perde a visão e ao mesmo tempo, seu grande amor. Ao viver de suas memórias, ele busca uma forma de sobrevivência masi é emergindo no seu passado e descobrindo novos fatos da sua vida é que ele consegue entender a diferença entre a vida e a arte que ele escolheu para expressar seus pensamentos: o cinema. Narrado dentro do seu estilo próprio de contar uma história, o novo filme de Almodovár é magnificamente bem filmado e construído e vai tomando caminhos inesperados e ao mesmo tempo com atitudes previsíveis de seus personagens quando estes se deparam coma pressão de decidir por uma vida idealizada ou uma vida real. No final, Mateo Blanco somos todos nós, com suas dúvidas e buscas e é isso que faz de Almodovár um cineasta de talento que vive seu tempo plenamente, dando ao cinema um ar de humanismo raro e cada vez mais fascinante. Um Almodovár menor, repetitivo ? Não. “Abraços Partidos” é a prova da maturidade de um diretor que sabe o que contar e mergulha fundo nessa intenção procurando levar junto todos nós espectadores para seus dramas e dúvidas constantes. Entre os destaques, além do próprio roteiro e a direção, destaco Penelope Cruz em mais uma grande atuação e a fotografia do filme, que trabalha com as cores de forma sensível, inteligente, e que interage com os sentimentos expostos pelos personagens. Não perca. É Almodovár. É cinema.
Marco Antonio Moreira

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